graphein

Tal como a geografia também o graffiti deriva do étimo grego “graphein”: a descrição. Encontramos no Latim um termo semelhante - “graffiare” - que significa “pequenos rabiscos”.
A origem do graffiti parece remontar a dezenas de milhares de anos (Reisner 1971; Abel & Buckley 1977) não sendo, no entanto, consensual a identificação do período que marca o seu surgimento. Ao longo da história da Humanidade vários vestígios foram sendo legados. Assim, consoante os autores, podemos encontrar vestígios de graffitis desde há 15000 anos nas Caves de Lascaux (Element, 1996), no período do Antigo Egipto (Shillington, 1989), em Pompeia nos latrinalia (Abel & Buckley, 1977; Tobin, 1995) e na Grécia Antiga (Abel & Buckley, 1977).

Independentemente da dificuldade de delimitação da origem do graffiti, parece haver efectivamente um traço comum entre todas estas manifestações, ainda que por diferentes razões: a palavra é no graffiti uma arma de arremesso aos poderes instituídos. Foucault e Deleuze (citados em Sartwell, 2004), entre outros, demonstraram que “a comunicação é uma forma de poder”. Estes pequenos rabiscos têm propiciado, desde a sua origem, uma forma de comunicação e de poder oposto às classes dominantes, permitindo a expressão da transgressão e de identidades não hegemónicas. Uma expressão transgressiva de resistência cultural. Uma arma de arremesso às classes dominantes.

Como referem Soeiro e Lopes (2003) “Os graffiti e a cultura hip-hop (…) contêm em si mesmos um potencial subversivo, embora desigualmente aproveitado. Trata-se, desde a sua origem, de um permanente desafio às "boas maneiras" de viver na cidade propondo, em simultâneo, uma outra forma de usar e fazer cidade: comunicativa, expressiva, imediata, vivencial, explosiva, caótica. A cidade como imenso livro, palimpsesto onde se inscrevem e reinscrevem as mais diversas mensagens - das declarações de amor ("amo-te, princesa") às máximas políticas ("queremos mentiras novas" ou "o sistema de ensino é o ensino do sistema")”.

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