mainstream

O Hip Hop é na actualidade uma subcultura (ou será contracultura?) que conquistou o seu espaço no mainstream. A imbricação de um conjunto de referentes nos valores culturais dos grupos dominantes assim parece apontar. Viram o Expresso desta semana?
O Hip Hop está por todo o lado. O Financial Times referia há dias que o costureiro Calvin Klein tem como conselheira de moda uma ex-writter (Claw$). O The Guardian referia que os adolescentes ingleses começam a adoptar expressões oriundas do Hip Hop criando uma espécie de dialecto a que denominam Blingland. A Galp escolhe para hino do Euro 2004 uma canção cantada por um rapper. Writters como Banksy estreiam-se em galerias de arte em Londres. Artistas de rua criam marcas de roupa (Ecko http://www.eckounltd.com). A Nike procura recrutar writters para desenhar modelos exclusivos.
Da MTV (curioso como há poucos anos o rap era totalmente proíbido neste canal), à moda, ao design (já viram a última experimenta design?), às artes gráficas, à animação, à pintura, à dança, entre outras manifestações estéticas e artísticas, podemos encontrar exemplos da permeabilidade entre o underground e o establishment. Também o Hip Hop, por sua vez, vai beber influência ao mainstream. Este é um movimento sobretudo de "verticalidades" usando aqui a expressão do malogrado geógrafo brasileiro Milton Santos.
Mas o Hip Hop é feito, também, de horizontalidades. De redes comunitárias de interesses, de valores, de identidades. Neste sentido o hip hop assume um carácter cada vez mais transversal, unindo diferentes grupos socioeconómicos, étnicos, religiosos e estabelecendo ligações entre territórios e indivíduos a diferentes escalas, contribuindo para a emergência de redes intra e interterritoriais. Construindo novos territórios.
Aqui surge uma das (eventuais) contradições do Hip Hop. Como RD alertava num comentário colocado neste blog. Sagazmente, aliás.
Estes movimentos, por um lado verticais, de globalização hegemónica e associados a uma certa comercialização do cool, por outro lado de resistência a essa mesma tendência topo-baixo poderão fazer com que o Hip Hop seja absorvido pelo mainstream, perdendo-se o carácter e os valores que estiveram na sua origem? Ou, em alternativa, estamos a falar de movimentos diferenciados com pouco em comum? Ñão será, ainda, essa possível contradição o motor da afirmação deste movimento cultural, permitindo que as discussões internas ao movimento o mantenham vivo?
A imbricação do Hip Hop com as correntes mainstream e a influência na estética parecem demonstrar as potencialidades do hip hop como uma das expressões artísticas do séc. XXI com maior potencial de afirmação. A sua globalização e comercialização poderão torná-lo apenas mais uma moda, volátil como todas as outras?

2 comentários:

Anónimo disse...

O bloG tá mtOo fixxee*
Isto é superr interessantee..i eu amavvvaa saber fazer graffiti!*

bjO..i continueemm*

P.Dru disse...

Obrigado pelo teu comentário rafaela! Vai aparecendo por cá!!!

P.Dru