
"O grande mestre da Zulu Nation, pioneiro da Cultura Hip hop e líder espiritual de todos os guerreiro que escolheram as rodas de aço de calibre 1200 como a sua arma, esteve em portugal. A Op não deixou passar a oportunidade de trocar algumas ideias com este profeta e esteve à conversa com Afrika Bambaataa. Oferecemos-lhe a banda desenhada que no nº12 da Op concebemos para o homenagear – e ele soltou um sorriso explicando que a história, mesmo envolvendo OVNIs, estava muito próxima da realidade.
Na Op fizemos-te um pequena homenagem em forma de banda desenhada onde se ficcionava a tua entrada no hip Hop, depois de uma passagem pelo mundo dos gangs. Esse período de vida nos gangs foi importante para ti?
AFRIKA BAMBAATAA: Pode dizer-se que sim, embora nõ se possa pensar nessa minha relação com os gangs como uma opção que eu tenha tomado por ser importante. Eu entendia os gangs como uma forma de comunidade, como uma forma de te nserires numa estrutura que era organizada e tinha objectivos. Essa disciplina veio a revelar-se muito importante, mais tarde.
A ideia do guerreiro nobre passada pelo filme “Zulu” também te inspirou?
AFRIKA BAMBAATAA: Sim, inspirou-me e deu-me o nome que eu procurava. O facto de ver guerreiros a lutar contra uma força invasora e imperialista teve um enorme impacto em mim. A Zulu Nation procurou ter o mesmo espírito. Mas não de luta armada. Antes de uma luta espiritual onde todos os guerreiros de todas as cores e credos eram bem vindos para lutar uma guerra com as armas da Cultura.
Podes falar um pouco sobre o início da Zulu Nation?
AFRIKA BAMBAATAA: A Universal Zulu Nation começou em 1973 e o objectivo principal foi acalmar a violência dos gangs e muito do pensamento destrutivo que as pessoas tinham na comunidade afro-americana. Depois começámos a organizar-nos e a ter aquilo a que chamavamos “infinity lessons”, aproveitando para estudar uma série de professores, do honorável Elijah Muhammad até Malcolm X, Luther King… O objectivo era congregar uma série de culturas, ideologias, nacionalidades e religiões sob um mesmo tecto. À medida que fomos viajando e a estabelecer-nos noutros países começámos um movimento internacional, promovendo a troca de informação. Por exemplo, se a Zulu Nation se estabelecesse em Portugal, alguns irmãos viajariam depois para França, conheceriam Zulus e lá e trocariam experiências. E, ao mesmo tempo, todas essas pessoas se apoiavam, oferecendo lugares onde outros Zulus pudessem ficar, trocavam informações, partilhavam os seus pensamentos e reflexões sobre os mais variados assuntos.
Qual é a tua primeira memória do Hip Hop?
AFRIKA BAMBAATAA: Nís vínhamos todos de uma era de soul, funk e disco sound. E o Hip Hop, basicamente, assumia-se como o novo funk. Além disso havia toda aquela cultura importada da Jamaica com o Grandmaster Flash e o Kool Herc eo que eles faziam com o toastin’ que levou a que alguns irmãos começassem a rimar em cma do DJ. Foi por volta de 1974, quando os elementos todos se começaram a juntar – os MCs, os artistas de graffiti, os b-boys e as b-girls e os DJs – que decidimos chamar a esta nova cultura Hip Hop. Mais tarde o quinto elemento – o Conhecimento – foi adicionado à Cultura. Mas foi quando todas as peças se encaixaram num todo coerente que percebemos que aquilo era Hip Hop. Antes chamávamos-lhe outra coisa qualquer… sei lá, boing oing (risos).
E tiveste imediatamente a percepção de que estavas perante uma revolução?
AFRIKA BAMBAATAA: Sim. Quando consegui juntar toda a gentee de cidi encarar o que estava a acontecer como uma Cultura percebi o poder que a organização poderia ter. Porque antes cada um fazia a sua cena, sem se preocupar com a “bigger picture”. Mas com a Universal Zulu Nation, com a organização e a consciência de que fazíamos todos parte de algo maior, veio a certeza de que iríamos estar aqui muito tempo."
Vejam mais em: www.zulunation.com
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